O que os olhos não vêem o coração não sente
Publicado em 30 de setembro de 2012 às 12:07:39
Uma frase muito conhecida pelo humano. Aliás é uma frase tipicamente humana pois ela passa a falsa idéia de que, de certo modo o coração se guie através dos olhos. O que dizer disso senão uma pura tolice. O que o humano não sabe é que o coração não precisa de guia pis ele não está a ir a lugar algum, ele não está perdido, não pertence a lugar algum, ele não reconhece isso que o humano chama de aqui, alí ou acolá.
Agora vejamos, quem é que precisa de guia? Ora certamente os olhos precisam de guias pois os mesmos pretenciosamente dizem enxergar alguma coisa. Todo aquele que diz "eu vejo", em verdade cego é. Não há nada a ser visto, no entanto, tudo repousa no sentir. Não há guia melhor do que o coração.
Na superficialidade da visão repousa todo sofrimento humano. O olho vê no entanto não sente e, com isso, a tudo supõe. Ora, viver uma vida baseada em suposições é jogar dado consigo mesmo. É por o nosso bem-estar a prêmio. No entanto isso é uma impossibilidade que é praticada por aquele que vê o mundo. Como se isso fosse possível.
Por quê não lançar o ver ao largo e tentar sentir as profundezas de aquilo que pensamos ver? Há algo divino em se fazer isso. Além de aquilo que pensamos ver, há algo sublime, suave e aconchegante que é impossível ser tocado com os olhos. O que há lá? Bem o que há lá é algo que temos procurado durante éons de tempo. Julgavamos ter perdido isso, no entanto sempre estava ali a esperar ser notado. No entanto, estávamos cegos pela confiança que temos depositados a éons de tempo sobre nossos olhos. Passamos a crer somente no que víamos e temos esquecido que o que dentro está é mais sábio e consegue ver, ou melhor, sentir, além da visão.
Temos andando a prantear, a nos sentir discriminados, sós, tristes, ansiosos, desejosos de algo. Mas o quê? A resposta está dentro. Quantas e quantas vezes julgamos ter encontrado algo e, mais dia ou menos dia, nos decepcionamos com algo, alguém ou alguma coisa? Tínhamos tanta certeza de ter encontrado algo! Mas por quê esse algo não era o que aparentava ser? Ora, é tão simples! A vida não se baseia em suposições. Supor é pintar um quadro sobre algo, alguém ou alguma coisa e dizer para si mesmo: "Assim é!". Tudo bem fazer isso com coisas pois as coisas se plasmam segundo as nossas pinceladas no quadro chamado vida. No entanto, não tentemos fazer isso com alguém. Não se pode pintar alguém! Isso é julgamento, é falta de amor. Não devemos pintar nem a nós mesmos. Sintamos o outro e deixemos que as suas cores fluam por si mesmas. Façamos o mesmo conosco. Ao fazer isso, começamos a abrir os verdadeiros olhos, os olhos que não veêm mas a tudo sente e a nada supõe.
De nada adianta arrancarmo-nos os olhos e lançá-los para longe. Por que não oferecê-lo dadivosamente ao coração e deixar que o mesmo retire a trave que outrora ali se encontrava? Isso é amor. Isso é amar a nós mesmos. Amemo-nos e vejamos o mundo com os olhos do sentir. O que é isso senão amor?
Ama-te a ti próprio!