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Perdão

Publicado em 18 de agosto de 2012 às 21:00:35

O humano está doente e a doença dele é o medo. Não sabe mais nem o que fala. É capaz de perdoar alguém e exigir que esse alguém cumpra pena na prisão, ou que pague com a própria vida. Isso é, no minimo, doentio. Ora, se temos perdoado alguém, não importa o que ele tenha feito, matado nossos pais, mulheres, estuprado e violentado nossas crianças. Não importa, simplesmente olhamos para ele com amor, não com ódio, e talvez diríamos: “Estou aflito, mas sei o que tu queres de mim, tu queres que o amor floresça dentro de meu peito. Pois bem, permito o amor fluir através de mim. Minha mente quer que tu sejas preso ou, mais além, que tu pagues com tua própria vida. Mas eu não vou ouvir a minha mente. Vou deixar o amor falar mais alto que a mente.” Ora, o humano que assim procede está a começar a amar de verdade. Isso é amor verdadeiro, vai além da mentalidade e da lógica humana e é capaz de transformar o mundo em um lugar paradisíaco.


Parece não ser fácil proceder assim, se assim se pensa, assim é. Crenças se tornam realidade. Se si pensa ser difícil amar incondicionalmente – o único amor que existe, o que assim não for é medo – certamente manifestar amor será quase uma impossibilidade. Amar não é fazer algo, é deixar de fazer, ou seja, deixar de reagir diante dos fatos que nos cercam e permitir que as coisas aconteçam conforme a vontade de aqueles que estão ao nosso redor. Não importa o que façam, é escolha deles e toda escolha deve ser honrada. No entanto, escolhe-se permanecer alheio as escolhas dos outros e  viver em total harmonia com tudo. Amar é não interferir e, muito menos, tentar controlar as escolhas dos outros. É permitir que o outro seja aquilo que pensa ser. É não julgamento tanto do outro quanto de si mesmo. É paraíso pois, ao se começar a viver assim, notamos que o mundo está em perfeita ordem, não há lugar mais perfeito pois todos, absolutamente todos estão a movimentar as energias que escolheram. Uns escolheram as energias de sofrimento, desespero e são assolados por sofrimentos de toda sorte. Enquanto outros escolhem amar e não sofrem de maneira alguma pois é impossível amar e experimentar o que o humano chama de sofrimento. Ora somente o fato de se estar a sofrer já é em si uma prova irrefutável que não estamos a amar. Mas o humano não percebe isso e pensa que tem o sofrer significado de amar.


Certo sábio uma vez disse “Eles não sabem o que fazem”. Aqui está um fato, o humano não sabe o que faz e, por não saber o que faz, fere a si mesmo e pensa que é o outro a feri-lo. Isso é demência. É falta de amor. Mesmo que faltar amor seja algo impossível pois tudo se encerra dentro dele, tem-se liberdade em não querer manifestá-lo. No entanto, ao tentar não manifestar algo que em si encerra tudo, sofre-se por tentar praticar o impraticável.


Quando é que o humano vai compreender que amar é mergulhar em águas pacíficas em meio a um oceano tempestuoso. Parece ilógico mas, mais uma vez, a lógica aqui não é a lógica mental, é a lógica do coração, é a lógica do amor e o amor é capaz de permitir tal coisa.


Amar é o caminho para casa, para si mesmo.

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