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Viva a inconstância da vida!

Publicado em 20 de setembro de 2012 às 09:37:20

A vida em si é mágica. Não é de modo algum linear. Em outras palavras, não tem um começo, um meio e obviamente aquilo que não começou e não tem um meio não tem, no entanto, fim.


O que torna a vida mágica é o fato de que nesse não espaço que chamamos vida, tudo, absolutamente tudo é possível. As possibilidades são tantas, nada pode ser controlado, contudo, podemos definir o caminho mas não o ponto de chegada. Pode parecer estranho e, contudo, ilógico mas não há ponto de chegada. Se não há ponto de chegada, não há também um ponto de partida, pois por partida subentende-se um começo. Começo, meio e fim são limitações e dentro das limitações não se alcança a plenitude. Há uma angústia em se saber que começou, que precisamos encontrar um caminho para que a meta seja cumprida.


Ah! A meta. Todos querem atingir a meta, o objetivo. Contudo, atingir a meta, o objetivo significa que acabou, que não há nada a se fazer, é morte. É engraçado ver o humano correr atrás de objetivos e no entanto temer as consequências de se chegar ao objetivo final. Quando se atinge o objetivo final, a alegria de viver acaba e entramos em um estado de mortificação. O humano persegue aquilo ao que ele teme e isso é muito hilário.


Constância, felizmente a única constante na vida é a inconstância. O único caminho é o não caminho. Não há ponto de partida, meio ou linha de chegada e sim a jornada. A jornada simplesmente é, não começa, portanto não pode terminar e, por isso, não pode portanto continuar. Continuar implica que houve um começo. A jornada simplesmente é, somente isso.


Se há um início, um meio e um fim, que lógica há em se viver? Ora, por quê tudo tem que ter lógica? A lógica linearizada é ilógica e limitante. No entanto a única lógica que existe na vida é a lógica do infinito, a lógica circunferencial, não qual o meio é onde se está. Nesse tipo de lógica qualquer ponto é o início o meio e o fim ao mesmo tempo. Alguns poderiam dizer que diante disso as coisas se tornam mais ilógicas.


Quem quer entender a vida, perdê-la-á. Pois tratar-se-á de entender a vida e esquecerá de vivê-la. Ora a vida está além do entendimento. Não é algo que se compreenda com a mente, é algo para se sentir sem contudo entender. Sentir pode-se dizer que é o mesmo que entender. E sentir a vida é tão somente aceitá-la tal como ela se nos apresenta.


Ah humano! Por quê queres controlar a vida? A vida não pode ser controlada mas sim sentida. É tal como uma substância fluídica a qual não se pode conter sobre qualquer meio. Impossível de ser encapsulada. Em outras palavras, flui sempre. É preciso se deixar levar pela vida. Isso não quer dizer que se deva conformar com a situação em que se está. Conformismo é falta de amor próprio. É pensar que não se tem escolha. Contudo há sempre escolhas, a vida é um não espaço onde as escolhas superabundam infinitamente. Quem faz escolhas conscientes flui com a vida e não há do que se arrepender ou contra o que lutar.


Se vida fosse algo constante, tal como a visão se constância do ser humano, a vida não teria sentido, não teria graça viver. Seria monótono.


Abraçar a inconstância da vida é viver. É amar. É estar em paz consigo mesmo e o mundo.


Ama-te a ti próprio! Isto é viver.

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