Fugitivos da dor

O humano vive em função de evitar a dor a todo custo. Elabora mil e umas regras de o que fazer ou não e vive em função delas. Nota-se que isso é limitante, é escravizante.

Tentar fugir da dor é na verdade abrir às portas para ela. Sim, isso é paradoxalmente real, pois a vida não funciona tal como a racionalidade a entende. Quando tentamos fugir de algo, significa que tememos aquilo. Temor é medo. Medo é emoção negativa e emoção é energia. Portanto, medo nada mais é que energia negativa.

Para se ter medo de algo, deve-se portanto dispensar atenção ao que tememos. O fato de se fazer isto é um sinal claro que, de certo modo, desejamos aquilo. A intensidade do desejo é proporcional a emoção oferecida à aquilo que observamos. Em outras palavras, "eu não quero" é na verdade "querer" aquilo que não se quer. Isso é justo e confortante. Por quê obervar o que não se quer? Loucura! Falta de amor próprio!

Muitos perseguem o prazer mas, no entanto, não percebem que na verdade estão a tentar fugir da dor. Contudo sofrem. Sofrem pois o prazer se torna doloroso quando é usado como um subterfúgio para se escapar da dor. Irresponsáveis são todos aqueles que assim procedem. Não se dão conta que ferem a si mesmos ao fugir da dor através da busca pelo prazer.

Ao perceber que a dor está em nós mesmos, o prazer será, portanto, tão somente consequência desta percepção. Nada mais justo que isso. Isso é tornar-se  responsável. Responsável por si mesmo. Responsável pela própria realidade.

Ama-te a ti próprio e o prazer será apenas consequência do amor que tens oferecido a ti próprio.