Para se encontrar é preciso se perder
Publicado em 17 de maio de 2012 às 20:32:03
Estamos sempre a procurar algo, alguma coisa, alguém, uma estrada, um caminho e, muitas vezes, estamos a tentar fazer o caminho. Tentar fazer o caminho é ficar no caminho, é congestionar o caminho, é impedir o fluxo natural das coisas.
Não nos damos conta que o que estamos a procurar é a plenitude de se ser. O que é a plenitude de se ser senão o encontrar a si mesmo? Aquilo que somos em essência não se encontra em lugar algum, muito menos em um caminho. É muito mais que caminho. Caminho é limitação, possui começo, meio e fim. Vai em uma ou em outra direção. Aquilo que somos em essência não se move mas coloca tudo em movimento. Não segue caminhos pois todos os caminhos nele se encerra, mas ele não se encerra em lugar algum.
Para se encontrar é preciso se perder, ou seja, sair do caminho. O que é caminho senão pensamentos limitantes, que tentam dar um rumo, um sentido à vida. A vida não segue regras, é fluídica, é inconstante, não se move mas é movimento pois nada que se encerra nela permanece parado. Movimentar é preciso, não existe estacionar no não espaço chamado vida.
Ao se perder, ou melhor, ao se abandonar os pensamentos limitantes, nós nos encontramos tanto quanto for o nosso desapego ao caminho, ou seja, a não identificação com o pensamento. Não devemos ter medo de abandonar o caminho e nos perdermos rumo ao desconhecido do não caminho, ou seja, um mundo de infinitas possibilidades, um mundo de infinita liberdade. O medo que temos de nos perder é na verdade o medo que temos de nos encontrar.
A mente tem medo de perder o controle, perder o controle que ela julga ter. Como se isso fosse possível ou permitido. Mas a mente se sente feliz por exercer o seu falso controle. O que ela não sabe é que ao se perder, ou seja, ao abandonar o controle ela experimentará a integridade de sua verdadeira essência. Integridade essa que ela tanto tem buscado no mundo. Mas no mundo integridade não há. A integridade sempre esteve no interior.
Quando nós nos perdemos, ou seja, quando nós abandonamos os caminhos e todos os caminhos se encontram no passado, experienciamos a suavidade de ser o que si é e um mundo de total liberdade florescerá com o nascimento de um novo ser que, apesar de não ter nascido pois sempre foi, manifestar-se-á com todo a sua plenitude.
Encontremo-nos no não caminho que nós somos em essência e experimentaremos o amor, pois nós somos a manifestação do amor aqui agora. O que é o amor senão o verdadeiro caminho? Amemo-nos!