Confiança
Publicado em 08 de abril de 2012 às 09:47:43
Nós estabelecemos que se alguém age de um determinado modo para conosco e, se tal ação é de nossa aprovação, a julgamos uma pessoa digna de confiança, caso contrário, indigna é.
Essa tal confiança que esperamos, para ser mais franco ela é mais imposição do que espera pois nós temos por hábito de exigir isso do outro e se o outro por acaso não aceitar tal exigência nós a rotulamos como alguém a ser evitada.
O que é essa tal confiança? É possível confiar? Confiar é saber que tudo, absolutamente tudo está certo, não importa o resultado. Confiar é não erguer as bases dos nossos relacionamentos, seja ele qual for, em critérios preestabelecidos e, se é preestabelecido , tem bases no tempo, ou seja, no passado ou futuro. Tentar viver o agora – pois todas as vivências acontecem no agora – sob o julgo do ontem ou talvez com o que deveria ser amanhã. Isso não funciona, nunca funcionou e não funcionará jamais. Mais uma vez o que temos senão o tentar controlar o mundo a nosso redor. E o que é tentar controlar algo senão demonstrar o nosso desprazer diante de algo? Tal comportamento implica em uma tentativa tola de se fugir da vida, fugir de aquilo que somos em essência. Mas isso é impossível e, ao tentar mascarar a realidade com uma falsa realidade nós provocamos sofrimentos a nós mesmos e nossas emoções negativas indicam isso, indicam o desalinhamento, o tentar fugir de si mesmo, o negar a si mesmo. Todas as vezes que negamos a nós mesmos, ou seja, nos desalinhamos com a nossa essência, temos uma emoção negativa.
Confiar vai muito além do controle. Podemos dizer que confiar é amar, ou seja, é deixar que tudo seja o que é, e o que é isso senão aceitar o agora, o momento presente tal como ele é. Mas isso não quer dizer que devemos nos conformar com o que nos é apresentado, isso nunca, isso é falta de amor para consigo mesmo, é pensar não ter opção, é acreditar ser vítima de algo, alguém ou alguma coisa. Aceitar o agora como ele é nada mais nada menos que não lutar com o agora e escolher o que se quer e não o que nos é apresentado. O que é isso senão ser dono da própria realidade, da própria experiência de vida?
Se pararmos para pensar, mais uma vez somos remetidos novamente ao amor. O amor é a base para tudo o que é, não tem como ser diferente, é impossível. Não acatar isso é negar a si mesmo a suavidade e os prazeres da vida. Diante disso quem ou o quê é digno de confiança? Tudo e todos, absolutamente tudo e todos são dignos de confiança, não há como ser de outro modo.
Confiar é o estado natural do ser humano e não fazê-lo é si negar a ser quem si é. O que é isso senão não permitir que o outro também o seja? Já notou que não há nós e outros, há sempre uma correspondência, uma unicidade entre aquilo que chamamos de eu e aquilo que chamamos de o outro. Tentar separar isso é a origem de todo e qualquer sofrimento.
Confiemos em nós próprios e em tudo.
O que é isso senão confiar?