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Homeless

Publicado em 12 de agosto de 2012 às 12:46:05

Muitas vezes, ao percorrermos nosso caminho, deparamo-nos com pessoas famintas. Pessoas que não conseguem enxergar soluções para suas vidas. Mesmos que o atual estado de nossa nação seja um dos melhores que jamais tenhamos vivido. Mesmo assim há pessoas que não conseguem um lugar nesse novo mundo. Tais pessoas não devem de modo algum ser julgadas por sua incapacidade de tomar uma postura digna perante si mesmas e a sociedade.


Julgar aquele que se encontra em um estado de miséria, quer seja material ou emocional, não ajuda nenhum pouco. Pelo contrário, se o fizermos estamos a contribuir para que mais e mais pessoas fiquem em aquele estado e aquelas que já o estão não consigam se reerguer. Os humanos não sabem que, diante de uma cena como essa, podemos sim ajudar. Dar esmolas é bom, no entanto, a esmola em si não é a melhor ajuda a um pedinte. Muitos dão esmolas endossadas com o sentimento de dó e piedade. Essa é a pior esmola que se pode dar a alguém, pois essa esmola não ajuda e sim intensifica aquele quadro.


Nada é por acaso, absolutamente nada, tiremos o acaso de nossas mentes e de nossos dicionários. Isso não existe. Façamo-lo também com palavras tais como: bem e mau, maior e menor, mais e menos, perda e ganho, eu e os outros. Tudo, absolutamente tudo isso causa sofrimentos.


O quadro está a nossa frente, um espelho, e está a refletir a misérias que está dentro de nós. O que fazer diante de tal espelho? Afirmar o que se vê no espelho? É isso que queremos, continuar a ver tal reflexo por toda a nossa vida e na vida de nossos iguais? Com certeza não, não queremos aquele reflexo, não mais. Então porque afirmar o que se vê? Aquilo é obvio e o obvio, por ser obvio, não deve ser afirmado e, nem contudo, comentado. Quem o faz é tolo. No entanto, não consideremos o espelho como algo separado de nós. Isso é impossível. É parte de nós. De um modo mais profundo, somos nós ali. Gostaríamos de ser tratados como inferiores? Como coitados? Como dignos de pena ou de dó? Certamente não! Então por quê fazê-lo quando se trata de aquilo a que chamamos de "o outro"? Ajudar materialmente sim, mais isso não é o suficiente. Deve-se dar algo mais. Deve-se olhar para aquele ser com olhar de compaixão. Como assim? Olhar para ele sem julgá-lo – na inocência – e oferecer-lhe uma realidade melhor por não afirmar ou julgar o estado apresentado. Isso é vê-lo como ele é, não um “homeless”, mas um ser que de nada há necessidade. É necessário vermos nele dignidade e não necessidade.


Em verdade o “homeless” nos dá mais do que lhe oferecemos. O que ele está a nos oferecer é o amor. A oportunidade de expressar o amor. Em verdade digo que ele está a tentar trazer ao mundo - ao corações - o amor. Mas para tanto, teve que suportar sobre si mesmo o manto da miséria. Que não seja em vão este ato, pois ninguém merece portar o manto da miséria. Permitamos que o amor flua de nossos corações. Todos o tem, mas nem todos o deixa fluir.


A esmola em si não é importante. Mas sim o sentimento - vibração - que é oferecido junto a ela. Se oferecida com um sentimento de dó ou piedade, mantem o outro na miséria e, ao que a oferece, miserável também se torna por ser incapaz de amar. Se, do contrário, uma esmola for oferecida com sentimentos dignificantes, pode-se erguer aquele que a recebe pois é capaz de tocar-lhe o coração e, ao que a oferece quande é o seu galardão pois todos somos um e a mesma coisa. Portanto, todo amor que damos aos outros se nos é dado. É impossível que não assim.  Ah humanos! Se soubésseis que podeis mudar o mundo e torná-lo o paraíso, não mais teríeis pena ou dó de ninguém, simplesmente amaríeis a todos e oferecíeis sentimentos dignificantes a todos quantos o necessitassem.


Doem, não com dó ou piedade e sim com amor.

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