Como vai o namoro?

-Quanto tempo! E ai como tu estás heim? A namorar muito?

-Estou bem! Não, não! O namoro virou casamento, sabe.

Quantas e quantas vezes escutamos isso. É uma lástima. As pessoas passam momentos intensos antes do casamento e de repente se casam. No entanto esse de repente pode demorar anos. Anos de muita badalação e carinho e, um certo dia, "Eu vos declaro marido e mulher", ou do jeito mais moderno: "Uhuuuu! Tamo junto!". Até aqui tudo bem, mas dia após dia, se perde o interesse pelo outro e a chama se acaba. Não é que ela se acabe verdadeiramente. O fato é que ela ardia por causa das mil e uma coisas que pensávamos a respeito do outro. Tem sexo, mas não é a mesma coisa, é mecânico, não tem mais aquele êxtase. Parece até obrigação.

O que será que aconteceu? Para muitos, é que a fase da conquista acabou e não se precisa mais ser aquele galante, ou melhor aquele Don Juan de outrora. Mas é aqui que mora o erro. Erro não! A escolha, erro não existe. As pessoas escolhem não mais exprimir o seu carinho pelo outro depois da união. É o famoso cárcere matrimonial. É um cárcere cujas grades residem em nossa mente. Mas é angustiante. Por vezes, a angústia é tão forte que ambos os lados estão insatisfeitos e partem para a afronta.

Não há nada de errado, é que escolhemos viver assim. Por quê não namorar mesmo depois de casado? Casamento não é nada além de uma palavra, não muda nada na relação. Está bem que, a essas alturas, já conhecemos de cor e salteado o corpo do nosso companheiro. Inclusive já nos acostumamos tanto com ele que ele já não nos desperta o menor ânimo. Já tentou conhecer o outro? Não o corpo dele? Mas a essência dele. Olhe para dentro dele. Se fores um homem já tentou olhar nas profundezas do coraçao feminino. Eu te aconselho. Há dádivas inimagináveis em se fazer isso. Coisas que nos negamos sempre ao dizer que "homem não é assim". Que chato né. Se tu fores mulher já pensou em fazer o mesmo com o teu par. No coração dele não tem só aquela falta de jeito em ser carinhoso, para falar a verdade isso está da mente. Eu vou revelar uma coisa sobre nós homens. Temos medo de nos envolvermos. Somos muito racionais, e ser muito racional é acreditar muito na mente. A mente não ama, analisa a situação e age. Todo humano faz isso julga a situação a todo momento. De modo que seja proveitoso para si mesmo e não para ambos.

As mulheres no entanto são mais emotivas. Para elas o físico é bom, mas precisa de uma certa dose de magia, quando digo magia, digo de coisas não paupáveis como fazer da vida um eterno romance. Isso é bom, todo mundo deveria ser assim. Tanto homens quanto mulheres. Mas vamos voltar ao assunto.

Como não deixar que o casamento, ou o estado marital se torne uma prisão angustiante então? Simples! Muito simples. Sejamos eternos namorados. Isso mesmo, não deixar que a união seja um empecilho. Estamos juntos e isso é muito bom, mas nós vamos nos conhecer ao máximo. Como fazer isso? Só parar de olhar para o outro e olhar para teu coração. Deixe que teu coração te guie. Vamos pegar a nossa mente e colocá-la debaixo do tapete. O que acontece quando se faz isso? Tudo muda, em pouco tempo a gente começa a fazer coisas que nunca imaginou fazer. A externar o que sentimos, seja o que for, medo, angústia. Soltamos tudo para fora, mas sem querer machucar o outro - mas isso pode acontecer - , simplesmente nos abrimos. A gente começa a ver o outro como um ser lindo, divino. Mas não nos apegamos a ele e procuramos ao máximo não resistir a ele. O vemos como um ser livre.

Os mais racionais diante di algo assim diriam: "Más assim eu vou perder a minha identidade!". Engano! Assim nós começamos a ganhar a nossa identidade. Nossa verdeira identidade que é o amor. Começamos a ver algo onde não víamos antes, ou seja, começamos a ver algo mágico em um sorriso, em um olhar, nos olhos do outro, no cheiro do outro, e o mais interessante é que o comportamento do outro não nos importa mais. Aqui começamos a amar de verdade. Por que sempre digo que o outro e nós somos um? Simples, aceitar o outro faz com que aceitemos dia após dia a nós mesmos. Apaixonamo-nos por nós mesmos e pelo outro também. Sentimos felizes em ver o outro feliz, mas nossa felicidade não depende do outro. Nunca cedmos a chantagem, porque não há mais medo. A vida começa a ser um eterno romance. Um romance de nós mesmos com nós mesmos e com todos. É o amor nascendo, nascendo não pois ele nunca morreu. É o amor se aflorando novamente em nosso peito.

Estar com outro é uma dádiva, se tens alguém ao teu lado, esteja alí. Não olha para o antes ou para o depois, olha o momento em que estás. Esqueça tudo que teus pais te ensinaram e se entregue a sabedoria do coração, ou seja, do amor. Só tens a ganhar. Ama!