O pai não julga, no entanto, o faz o filho
Publicado em 03 de julho de 2012 às 05:30:45
No passado que passado não é, um certo mestre disse que o pai não julga ninguém mas conferiu ao filho todo julgamento. Há uma verdade profunda aqui, não nas palavras e sim por trás das palavras. Como sempre, aquele mestre não dizia nada compreensível à mente humana.
Que verdade estava a ser dita em aquele momento? Será que ele estava a falar de deus e de si mesmo? Ou teria algo muito mais profundo? Em verdade digo que ele estava a deixar claro que o pai – espírito, aquilo que somos em essência – é incapaz de julgar pois é perfeição absoluta, mas o filho – aquele que foi gerado pelo espírito – foi dado a capacidade de julgar. Ora o filho é tão somente a mente humana, ou seja, o ego, o falso eu.
A verdade que está subentendida em tais palavras está clara. Qualquer pessoa que seja espiritualizada, por mínimo que seja, a enxergará além das superficialidade das palavras escritas. Não entender algo tão óbvio é sinal de que estamos profundamente imersos nas dimensões do medo. Estar nessa dimensão é tentar viver o mundo sob a ótica dos olhos da mente como guia. É impossível ver a verdade com os olhos da mente, mesmo que ela dance um tango à nossa frente insinuosamente. Simplesmente a ignoramos pois está além do nosso nível consciencial. A verdade não pode ser vista, ela deve ser sentida. No entanto, o mundo não sente, apenas vê e, e tudo quanto vê, irreal é. Todo aquele que vê é cego e não sabe para onde vai. O verdadeiro caminho deve ser sentido.
O humano, no entanto, quer racionalizar com a sua verdadeira essência. Mas a sua verdadeira essência é incapaz de ser racionalizada. Isto é impossível. Então por quê tentar compreender o incompreensível de si mesmo? Aceitar que não se pode explicar o que si é, é o mesmo que começar a entender a si mesmo. Isso é sábio e promove sabedoria. Não há sabedoria maior do que não racionalizar os acontecimentos à nossa volta. É o filho quem o faz, não aquilo que somos em essência, ou seja, o pai, o eu verdadeiro, o eu presença. O filho, ou seja, o ego, a mente é a origem de todo desequilíbrio e toda sorte de males no mundo relativo. Não levar o filho a sério, ou seja, não se identificar com ele é o inicio do despertar humano rumo as altas dimensões de sabedoria.
O filho julga e separa tudo, abandonar toda e qualquer forma de julgamento é o começo da parceria com o pai , ou seja, com o Eu Presença, o Eu Superior. É permitir o fluxo do amor através de nós e onde há amor, não há qualquer tipo de problema ou sofrimento.
Amemo-nos a nós mesmos e estaremos a amar tudo.