Um mero objeto
Publicado em 08 de agosto de 2012 às 19:06:17
[imagem_00]Olhemos o mundo a nossa volta. Não quero e nem tento amenizar absolutamente nada. Não estou a supor nada, isto é uma afirmação clara e explicita. O que vemos ao nosso redor? Vemos pessoas a fazer uso de toda artificialidade possível com o único intuito de se fazer notar, de ser apreciada pelos outros, de ser alvo de atenções, de ser desejada e cobiçada. No entanto, o humano que o faz por estar adormecido, não tem consciência de que somente um objeto pode ser cobiçado e desejado. Logo, faz de si mesmo, ou melhor, tenta fazer de si mesmo um objeto.
Para que serve um objeto? Um objeto não serve senão para ser usado e posto de lado depois que tenha cumprido o seu papel. Não faz sentido tê-lo consigo o tempo todo. Quando o feminino transforma a si mesmo em um objeto, que imagem está a passar a todos a sua volta? Ora uma imagem sensual de si mesmo. O que isso senão tentar transformar-se a si mesmo em um objeto sexual.
Quando alguém se mostra como algo a ser desejado e cobiçado, nada mais é que um objeto de cunho sexual e que não serve senão para satisfazer o desejo de aqueles que tem fome de sexo, somente isso. Não há respeito, não há amor, somente animalidade. Errado!? Não, pois ambos os lados estão de comum acordo, tanto o feminino quanto masculino. Ninguém é vítima. Todos são agentes e agem sobre si mesmos por intermédio do outro. Isso é justiça. Se assim não fosse, injusto seria.
Ninguém trata um objeto com carinho. Ora, ele não tem consciência, é apenas fruto da consciência. Contudo, uma pessoa possui consciência. Ao fazer de si mesmo um objeto, passa a ser visto como algo sem sentimentos e que, no entanto, não merece cuidado. Para quem usa o objeto não importa. A única coisa que importa é que dá para se extrair prazer de aquele objeto. Depois de ter experimentado o prazer que aquele objeto proporciona, simplesmente o abandona como aquilo que "é", ou seja, um mero objeto qualquer e procura um objeto com um apelo diferente. No entanto, o apelo é sempre o mesmo, ou seja, sensual, erótico.
O feminino não percebe, mas com tal comportamento de querer atrair para si o tão desejado par perfeito, termina por dar ao feminino um outro significado. O de ser um objeto sexual que deve ser tomado, possuído a todo custo. Mesmo que por meio de violência. Não se vê mais o feminino como um ser que possui consciência. Ora vemos isso nas manchetes. Quantos e quantos abusos sexuais, tanto de crianças e mulheres. Quem é culpado disso tudo? Não há culpados, uma vez que o feminino escolheu deixar de ser um ser divino para se tornar um mero objeto. Agora sofre por ser vítima do assédio do masculino ao ponto de o masculino não se importar com a integridade feminina. Para ele não importa, a única coisa que importa é que as coisas são o que parece. Se o feminino se lhe mostra como algo a ser desejado e possuído, é isso que ele irá fazer.
Por incrível que pareça mas, tantos os abusos contra mulheres e crianças são apenas reflexo da coisificação de si mesmo, algo que foi praticado durante éons de tempo. A éons de tempo o feminino tem passado ao masculino a imagem de que é algo para ser cobiçado e possuído e é exatamente isso que acontece em nossos dias. O masculino está a atender o desejo que o feminino tem semeado durante tempos imemoriais mesmo que através violência e até homicídio.
Não há problemas em as pessoas tentar ser notada, tentar chamar a atenção do outro, no entanto, aquilo ao qual semeamos, temos por obrigação colher, ninguém o fará por nós. Olhemos o mundo a nossa volta, estamos a colher aquilo que temos semeado a tanto tempo. As mulheres e crianças são vítimas das sementes que foram lançadas ao solo durante eras. E o próprio feminino tem lançado essas sementes. O homem também se torna um objeto ao possui um objeto pois o objeto quando possuido possui o possuidor. Mal sabe ele que escravisa a si mesmo.
Já não choca estupros, estupros múltiplos, assédio sexual, assédio moral, violência doméstica. Isso tudo é apenas resultado de escolhas que temos feito. Nada disso é acidente ou injusto. Tudo isso é justo, pois recebemos aquilo que semeamos com a nossa mente, com o nosso comportar.
Ama-te-a ti próprio, não queria ser desejado ou notado. Não és um objeto, és divino, és amor. Somente isso.