sas

Diferentemente iguais

Publicado em 24 de setembro de 2012 às 09:41:24

Somos todos diferentes. Por isso mesmo somos todos iguais. Soa estranho? Pois é, ninguém é igual a ninguém. Ninguém pensa como ninguém. Isso nos torna iguais. Não há mais, não há menos, o equilíbrio é o centro.


A diferença é vista como algo a ser eliminado. Algo que deve ser combatido a todo custo em prol do senso comum. A diferença não é algo que realmente exista, o ser original sim. O ser original é o mesmo que ser diferente. Como se ser diferente fosse possível!


Trilhamos caminhos diferentes. No entanto, o sentido todos é sempre o mesmo, o centro. Não há no universo ser algum que não siga esse sentido.


Todos estamos a caminho. Cada um a seu modo. A qui está “Cada um a seu modo”. O que é isso senão a liberdade de ser, pensar ou fazer segundo a própria consciência? Mas isso não é aceito e nem tampouco permitido. Não é mesmo pessoas?


A sociedade estabeleceu que os indivíduos que dela participa deva seguir uma tradição, um modo de pensar, agir e de ser que é característico a aquela sociedade. Ora, viver em tais condições tira toda a magia de se viver! Que prazer há em se viver conforme crenças, regras, leis, dogmas? E a suavidade e a naturalidade de ser, onde estão? Talvez tenham saído a comprar um manual de como fazer parte de uma sociedade. ☺


Nada, absolutamente nada no mundo relativo flui por si só. Está sempre a ser compelido por alguma artificialidade humana. A artificialidade a que me refiro neste caso é tão somente o fato de se utilizar da racionalidade com intuito de promover um ambiente no qual todos podem estar “confortáveis”. Notaram que o confortáveis está entre aspas não é mesmo? Pois é, o conforto assim obtido é um pseudo conforto onde todos estão satisfeitos em suas insatisfações.


É muito cômico ver as pessoas tristes por estar a andar em linha reta. Ora não eram isso que queriam? Seguir uma linha reta? Linha esta que é traçada por leis, regras, dogmas, preceitos e mais preceitos. Todos seguem esta linha e todos sofrem, sofrem porque a vida não segue linha reta, não segue linha alguma. Somos diferentemente iguais. Não há como seguirmos linhas. Talvez por brincadeira talvez. Mas que seja breve, no entanto!



Muitos que seguem essa linha da falta do amor próprio externam a sua indignação com os próprios companheiros de caminhada. A agredi-los, violentá-los, caluniá-los, torturá-los, menosprezá-los e por fim extirpar-lhes a vida. Não esqueçamos que somos diferentemente iguais.


É até compreensível, estão no mesmo barco. O que podem fazer a não ser passar por cima uns dos outros e eliminar os que estão obstruir-lhes o caminho. Afinal de contas a linha é única e todos tentam se equilibrar sobre ela. Como se isso fosse possível! Todos tentam satisfazer seus desejo mesmo quando ainda sobre a linha. Mas isso implica que teremos que atrapalhar quem está a frente ou quem vem atrás, afinal de contas, é uma linha.


Vez por outra ao lado da linha passa alguém eufórico e sem rumo a saltitar, como que chapeuzinho vermelho. Ele olha para as pessoas na linha e simplesmente sorri e continua a perambular guiado por sua intuição. É livre e não se encerra em caminho algum. As pessoas na linha o veem e escarnecem dele por ele estar tão a seu modo. O julgam. Mas no fundo anseiam viver de modo tão natural, tão suave e tão fantasioso. Somos diferentemente iguais, só que não sabiam.


As pessoas na linha, ou seja, quase toda sociedade, anseia ter aquela alegria que aquele  “energúmeno”, assim diziam eles, tinha. No entanto, eles querem ter aquela alegria de viver mesmo ao estar na linha. Ora querido, isso é impossível aquele moço que passava ao lado de vocês seguia tão somente algo que havia dentro dele, tudo aquilo que não trazia bem estar a ele simplesmente era posto de lado.


Somos diferentemente iguais, e aquela alegria de viver está ao alcance de todo mundo, basta tão somente ter coragem de colocar o pé para fora da linha e caminhar. É preciso reaprender a andar novamente. Quando crianças sabíamos andar, andávamos eufóricos e era impossível seguir uma linha em aquela época. No entanto, nos foi passado as bases da linha e fossos preparados para trilhá-la. Aprendíamos tudo de bom grado, só não nos avisaram que uma vez na linha, a felicidade seria algo que só seria vista ao horizonte e chegar a aquela felicidade seria algo impossível. No máximo que se conseguiria seria conformismo.


Por quê não sair da linha? Por quê não poder girar, rodopiar, ir e vir, sem contudo esbarrar com ninguém, se esbarrarmos com alguém é porque queremos, é porque queremos bailar com ela. Celebrar a vida.


Somos diferentemente iguais. A igualdade se adquire no momento que não mais queremos ser iguais a ninguém e nos assumimos a nós mesmos. Sem desejar nada mais. Simplesmente estar consigo mesmo e dar a si mesmo toda experiência que nos dê alta estima e que, no entanto, não cause dano algum ao próximo. No entanto, não devemos tentar parar o nosso caminhar por causa de aquilo que está ao nosso redor. Tentar parar é sofrer e voltar à linha novamente. Contudo, não há amor em se colocar em aquela linha. É falta de amor próprio. É se trancar em uma pequena caixa e pensar que aquilo é tudo o que se pode ter ou ser.


Somos diferentemente iguais. Abandonar a linha é começar a amar a si mesmo. Saia da linha! Tenha a ousadia de dar teus primeiros passos em tua vida adulta. Coragem! Dá uma passo e depois o outro. O coração te dará o sinal. E esse sinal é sempre algo bom e aconchegante, é o amor a florescer novamente na criança que pensava ser adulta e dona de seus passos. No entanto não caminhava por si mesmo e estava a seguir o caminho que lhe foi imposto. Agora ela ousa se colocar de pé e a dar os primeiros passos depois de adulto. É o momento maravilhoso! É o nascimento da nova criança adulta que redescobre a alegria de viver.


Somos diferentemente iguais e sê-lo é amar a si mesmo. Ama-te a ti próprio!

<- Voltar para a lista de posts