Deuses esquecidos
Publicado em 04 de julho de 2015 às 12:41:18
Somos deuses esquecidos. Esquecemos de nossas origens, dos universos nos quais vivemos, dos mundos nos quais habitamos, de nossas memórias, de nossas histórias e de todos os nossos dons e capacidades e, mesmo assim, aqui estamos, uns mais esquecidos que outros.
Alguns de nós percebem que existe algo dentro de nós, algo agradável, uma presença terna e confortante e não é algo fora ou separado de nós. Percebemos que todas as vezes que nos entregamos a esse nosso lado tudo parece tão mais leve e conseguimos entrar em um estado de paz inexplicável por tocar um pouco de nossa deidade.
Dependência não! Não mais! Não conseguimos mais dar ouvidos a aqueles que nos querem ver tristes, incapazes, arrependidos e temerosos por algo que temos feito, ouvido ou o que fizeram contra nós. Não existe tal coisa como um legislador e juiz, isso seria imperfeição, falta de amor ao máximo, mas nós existimos e somos muitos e ao mesmo tempo somos uma coisa só em nossa multiplicidade.
Como deuses nos projetamos na forma com o intuito de brincar com as possibilidades de existência, pois em nosso estado natural, o todo, não fazemos nada, não aprendemos e nem experimentamos nada por sermos tudo o que é. Quando nos projetamos como humanos ou como tantos outros seres pelo universo, experimentamos o que é estar vivo, o que é se relacionar com nós mesmos de um modo individual, de um modo dinâmico. Cada um de nós, mesmo que tenhamos a mesma essência, temos nosso modo de ser único pois as escolhas são pessoais e as histórias únicas, mesmo que tentemos seguir os passos de alguém, jamais seremos aquele alguém. Isso é perfeição.
Deuses esquecidos que começam a voltar a ser conscientes, paulatinamente. Está bem que a maioria de nós, deuses esquecidos, ainda se sentem vulneráveis e vítimas de algo fora de si mesmos. Mas isso não importa! Cada um escolhe caminhar rumo a própria deidade ou demorar-se por mais tempo na cadeira de ator a seguir um script cunhado por alguém que não seja nós mesmos. Não há julgamento sobre isso, é direito e escolha de cada um. O direito de sofrer ou não, de ser ou não.
Somos deuses esquecidos que, mesmo que não acreditemos em nós mesmos, isso não muda o fato de sermos o que somos. Os mais corajosos e valentes ao ponto de lançar dentro de si mesmos começam a perceber que sim, somos os autores da vida e de tudo aquilo que existe.
Somos deuses esquecidos.