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A voar para lugar nenhum

Publicado em 29 de julho de 2012 às 12:45:53

Voar, o sonho da humanidade. Querer voar para algum lugar além do lugar onde nos encontramos é no mínimo irresponsável, apesar de parecer lindo e lógico. Mas não há nada belo nisso e nem contudo lógico. Voar para longe de onde se está é na verdade tentar fugir de si mesmo. Estar longe de si mesmo é impossível.


O fugir de  si mesmo é não querer estar onde se está. O que é isso senão o não aceitar a si mesmo. É pensar que o lugar é o responsável por nosso estado de ser. Isso é loucura e irresponsabilidade, o lugar nada mais é que o espaço onde tudo é permitido, onde tudo acontece. No entanto ele não existe realmente, é apenas projeção espaçotemporal onde nos situamos com o intuito de experimentarmos como é estar vivo.


Se o local no qual estamos não é o problema, onde está o problema. O problema somos nós, mesmo que isso seja irreal pois não somos problemas. O problema na verdade é o modo como nos situamos em aquele lugar, o modo como o vemos, o modo de interpretá-lo. O humano, como sempre, interpreta o mundo por meio da mente. No entanto, a mente como não é sábia, sempre interpreta o mundo por meio de comparação com o que tem aprendido, ou seja, a mente sempre vê o agora com os olhos do passado. É por isso que o humano sofre e nunca está feliz onde está. A vida do humano parece ser guiada pelo acaso e em meio a isso tudo, relampejos de bem-estar, como se isso fosse algo raro, como se fosse um acidente e viesse de algo fora de si mesmo.


Voar sim, mas para lugar algum. Sem contudo ficar parado, pois parar significa sofrer. Nada pode parar no universo tudo está a convergir o tempo todo para o centro. E tudo aquilo que converge para o centro se expande e alcança dimensões mais elevadas.

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